20 de fevereiro de 2009

A EXISTÊNCIA DE DEUS

Todas as pessoas de qualquer lugar têm uma profunda intuição íntima de que Deus existe, de que são criaturas de Deus e de que ele é seu Criador. Paulo [o apóstolo] diz que mesmo os gentios descrentes tinham "conhecimento de Deus", mas não o honravam como Deus nem lhe eram gratos (Rm 1.21). Diz ele que os descrentes ímpios "mudaram a verdade de Deus em mentira" (Rm 1.25), dando a entender que ativa ou obstinadamente rejeitaram alguma verdade sobre a existência e o caráter de Deus que já conheciam. Paulo diz que "o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles" e acrescenta que isso acontece "porque Deus lhes manifestou" (Rm 1.19).

Paulo também reconhece que o pecado faz as pessoas negar seu conhecimento de Deus; ele fala daqueles que "detém a verdade pela injustiça" (Rm 1.18) e afirma que os que agem assim são "indesculpáveis" pela negação de Deus (Rm 1.20). Uma série de verbos na voz ativa indica que se trata de uma detenção (supressão) obstinada da verdade (Rm 1.23,25,28,32).

Na vida do cristão essa íntima consciência de Deus se torna mais forte e mais distinta. Começamos a conhecer a Deus como nosso amoroso Pai celeste (Rm 8.15), o Espírito Santo nos dá testemunho de que somos filhos de Deus (Rm 8.16) e passamos a conhecer um Jesus Cristo vivo no nosso coração (Ef 3.17; Fp 3.8,10; Cl 1.27; Jo 14.23). A intensidade dessa consciência num cristão é tal que, mesmo sem jamais termos visto nosso Senhor Jesus Cristo, de fato o amamos (1Pe 1.8).

O mundo também dá farto testemunho de Deus. Paulo diz que a eterna natureza e divindade de Deus são claramente percebidas "por meio das coisas que foram criadas" (Rm 1.20). Essa vasta referência às "coisas que foram criadas" sugere que em certo sentido toda coisa criada evidencia o caráter de Deus. No entanto, é o próprio homem, criado à imagem de Deus, que mais fartamente dá testemunho da existência de Deus: sempre que encontramos outro ser humano, devemos (se nossa mente raciocina de forma correta) perceber que essa criatura viva incrivelmente complicada, habilidosa e comunicativa só poderia ter sido criada por um Criador infinito e onisciente.

Assim, para aqueles que avaliam corretamente as evidências, tudo o que há nas Escrituras e tudo o que há na natureza provam claramente que Deus existe e que ele é o Criador potente e sábio descrito pela Bíblia. Portanto, quando cremos que Deus existe, baseamos nossa crença não em alguma cega esperança alheia a qualquer evidência, mas numa estonteante quantidade de provas confiáveis encontradas nas palavras e nas obras de Deus. A verdadeira fé caracteriza-se com confiança baseada em evidências fidedignas, e a fé na existência de Deus tem tal característica. Além disso, essas evidências todas podem ser consideradas provas válidas da existência de Deus, ainda que algumas pessoas as rejeitem. Isso não significa que a evidência é inválida em si mesma, mas somente que aqueles que a rejeitam avaliam-na incorretamente.

O valor dessas provas, então, reside principalmente na superação de algumas objeções intelectuais dos descrentes. Elas não conseguem levar os descrentes à fé salvadora, pois isso vem pela fé no testemunho das Escrituras [Rm 10.17]. Mas podem ajudar a superar as objeções dos descrentes e, para os crentes, proporcionar mais evidências intelectuais de algo de que já foram convencidos com base na sua própria intuição íntima de Deus e no testemunho bíblico.

(Waine Grudem, Teologia Sistemática, p. 97-100)

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