16 de julho de 2009

HUMANIZAÇÃO E CUIDADOS PALIATIVOS

Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu os cuidados paliativos como sendo "o cuidado ativo e total dos pacientes cujas enfermidades não respondem mais aos tratamentos curativos. Controle da dor e de outros sintomas, entre outros problemas sociais e espirituais, são da maior importância. O objetivo dos cuidados paliativos é atingir a melhor qualidade de vida possível para os pacientes e suas famílias".
Os cuidados paliativos modernos, também conhecidos como cuidado de hospice, têm seu início histórico nos tempos antigos. Em muitas culturas existiam lugares em que os peregrinos e viajantes, bem como os doentes e necessitados, podiam procurar abrigo e cuidado.
Os hospices, onde existiam, continuaram a prover o apoio e cuidados espirituais, mas a ideia de cuidado especializado dos pacientes terminais tornou-se realidade nos anos 1950 quando Dame Cecily Saunders, fundou o St. Christopher Hospice, em Londres, descreveu a filosofia do cuidado da pessoa que está morrendo, que desde então conhecemos como cuidados paliativos ou a filosofia do hospice.
Dame Cecily, ao descrever o sofrimento das pessoas com doença terminal, identificou quatro elementos que compõem o que ela denominou "dor total", ou seja: dor física, psicológica (emocional), social e espiritual. Reconheceu que nosso dever como cuidadores pressupõe a utilização de todas nossas habilidades no cuidado das pessoas, no sentido de aliviar seu sofrimento, assisti-las no aprimoramento de sua qualidade de vida e concentração no viver antes que no morrer, como um dever cristão. A filosofia do hospice inspira-se nos ensinamentos de Jesus e, diante da realidade sempre mais tecnologizada dos cuidados da saúde, cultiva um "reconhecimento crescente da futilidade e indignidade da continuação de tratamentos médicos caros e invasivos para os pacientes que estão claramente morrendo nos hospitais".
Consequentemente, o foco de nossas habilidades torna-se o cuidado do todo da pessoa - curar não é mais o objetivo, uma vez que sabemos que não podemos curar a doença. O foco central do cuidado que dirige todas as ações é a experiência da pessoa e de sua família de viver com uma doença incurável e o processo de morrer.
É nossa obrigação moral e ética, como cuidadores , prover cuidados paliativos para todas as pessoas que necessitam e estão confiadas ao nosso cuidado. Além disso, é também nossa obrigação moral e ética educar os outros de maneira que aquelas pessoas que estão fora de nossa responsabilidade de cuidar possam se beneficiar dos cuidados paliativos.
Para além da competência técnica profissional, nada e ninguém substitue a pessoa humana como fonte e fator de cura para o doente. Nesta direção, como apontado ao considerar a definição de cuidados paliativos da OMS, torna-se imprescindível o cultivo de três elementos fundamentais no cuidado: a compaixão, a humildade e a honestidade, em contexto e visão multidisciplinares.

(Leo Pessini e Luciana Bertachini (orgs.). Humanização e Cuidados Paliativos, pp. 168-69-75-80.)

"Continuem a amar uns aos outros
como irmãos em Cristo"

(Hebreus 13.1-NTLH).

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