28 de julho de 2009

A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS

Embora não possamos conhecer exaustivamente a Deus, podemos conhecer coisas verdadeiras sobre ele. De fato, tudo o que as Escrituras nos falam sobre Deus é verdadeiro. É verdade dizer que Deus é amor (1Jo 4.8), que Deus é luz (1Jo 1.5), que Deus é Espírito (Jo 4.24), que Deus é justo ou reto (Rm 3.26) e assim por diante. Dizer isso não implica nem exige que saibamos tudo sobre Deus, ou sobre seu amor, ou sobre sua justiça ou sobre qualquer outro atributo. Podemos conhecer alguns pensamentos de Deus - até muitos deles - com base na Bíblia, e quando os conhecemos, como Davi, os consideramos "preciosos" (Sl 139.17).
Ora, algumas pessoas dizem que não podemos conhecer o próprio Deus, mas somente fatos sobre ele ou o que ele faz. Outros dizem que não podemos conhecer a Deus como ele é em si, mas somente na sua relação conosco (e aqui está implícito que essas duas coisas são de algum modo diferentes). Mas as Escrituras não afirmam isso. Várias passagens falam que podemos conhecer o próprio Deus. Lemos as seguintes palavras de Deus em Jeremias 9.23-24:

"Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR".

Aqui Deus diz que a fonte da nossa alegria e da nossa noção de importância deve vir não das nossas capacidades ou posses, mas do fato de conhecê-lo. Igualmente, ao orar ao Pai, Jesus pôde dizer: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17.3). A promessa da nova aliança é que todos conheçam a Deus, "desde o menor deles até ao maior" (Hb 8.11), e a primeira epístola de João nos diz que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento "para reconhecermos o verdadeiro" (1Jo 5.20; v. tb. Gl 4.9; Fp 3.10; 1Jo 2.3; 4.8). João pode dizer: "...eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde de o princípio" (1Jo 2.13).
O fato de conhecermos o próprio Deus é demonstrado ainda pela percepção de que a riqueza da vida cristã envolve um relacionamento pessoal com Deus. Como sugerem as passagens acima, temos o privilégio bem maior do que o mero conhecimento de fatos acerca de Deus. Falamos com Deus em oração, e ele fala conosco em sua Palavra. Temos comunhão com ele na sua presença, entoamos seus louvores e temos consciência de que ele pessoalmente habita no meio de nós e dentro de nós para nos abençoar (Jo 14.23). De fato, pode-se dizer que esse relacionamento pessoal com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo é a maior de todas as bênçãos da vida cristã.

(Wayne Gruden. Teologia Sistemática, pp. 103-104)

NOTA: 1Coríntios 13.12 diz: "...Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido". A palavra "conhecerei" é simplesmente uma tentativa de traduzir epignõskõ, que dá a entender um conhecimento mais profundo ou exato (talvez, contrastando com o presente conhecimento parcial, um conhecimento isento de erro ou falsidade). Paulo jamais diz algo como: "Então conhecereis todas as coisas", que teria sido bem fácil de dizer em grego (tote epignõsomai ta panta), se assim o quisesse.


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