13 de dezembro de 2009

A GRAÇA COMUM

Sendo um dos conceitos fundamentais da Escritura, a graça fala das ações amorosas de Deus para com a criação e a favor da humanidade em particular. O dicionário de teologia define numa frase o que é graça (divina): "Graça é o transbordar generoso do amor de Deus-Pai por meio do Filho Jesus Cristo".
A
graça comum
é a ação amorosa pela qual Deus dá às pessoas inumeráveis bênçãos (ex. o ar que se respira), por meio do seu cuidado providencial, independentemente de qualquer reconhecimento.
Se olharmos para o mundo ao nosso redor veremos as evidências da graça comum de Deus no domínio intelectual, que resulta na capacidade para compreender a verdade e distingui-la do erro e em experimentar crescimento em conhecimento, que pode ser usado na investigação do universo e na tarefa de dominar a terra. Isso significa que toda ciência e tecnologia axecutada por não-cristãos é um dos resultados da graça comum; que lhes possibilitam fazer descobertas e invensões inacreditáveis, desenvolver os recursos da terra em variados bens materiais, produzir e distribuir tais recursos e ter habilidade em seu trabalho produtivo. Num sentido prático isso significa que toda vez que vamos ao shopping ou até uma mercearia, andamos de carro ou nos aquecemos à beira de uma lareira, devemos nos lembrar sempre que estamos experimentando os resultados da abundante graça comum; que Deus derramou tão esplendidamente sobre toda a humanidade.
O governo humano também é resultado da graça comum. Ele foi instituído por Deus desde o princípio (Gn 9.6), e se diz claramente que é concedido por Deus na carta do apóstolo Paulo aos Romanos 13.1 (NVI): "Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus, as autoridades que existem foram por ele estabelecidas". De fato, um dos principais expedientes que Deus usa para restringir o mal no mundo é o governo humano. As leis humanas, as forças policiais e os sistemas judiciais proporcionam um poderoso restringente às ações do mal, e essas coisas são necessárias porque existe no mundo muito o mal irracional que tão-somente pode ser restringido pela força e não pela razão ou educação. Obviamente, a propensão do homem para o pecado também podem afetar os próprios governos, é por isso que muitos deles se tornam corruptos e efetivamente encorajam o mal ao invés do bem. Isso meramente significa que o governo humano, assim como todas as outras bênçãos da graça comum que Deus dá, infelismente, pode ser usado tanto para própositos bons quanto maus.
Outras organizações na sociedade humana que incluem instituições educacionais, indústrias e corporações, associações voluntárias (tais como instituições de caridade e grupos de serviços públicos e privados) e os incontáveis exemplos de benevolência humana. Tudo isso coopera para levar alguma medida de bem aos seres humanos, tudo isto nada mais é do que a pura expressão da graça comum de Deus em benefício de toda a humanidade.
Quando passeamos pela rua e observamos casas bem construídas e jardins, ornamentados, famílias morando em segurança, ou quando fazemos negócios no supermercado e percebemos os abundantes resultados do progresso tecnológico, ou quando andamos através das florestas e vemos a formosura da natureza, ou quando somos protegidos pelo governo, ou quando recebemos a educação com o vasto tesouro do conhecimento humano, devemos perceber, no final das contas, que Deus em sua soberania é o responsável não apenas por todas essas bênçãos, mas também que as têm concedido a pecadores totalmente indígnos de sequer uma delas! Essas bênçãos no mundo são não apenas evidência do poder e sabedoria de Deus, mas são também manifestação de sua abundante graça. A compreensão desse fato deve fazer com que o nosso coração se eleve com ações de graça a Deus em todas as atividades da nossa vida.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática, pp. 549-557

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